Oh deusa maior
Que me abandonaste á sorte
Errante desta minha história de vida
Quisera que com minha morte
Outra sorte outra guarida
Chove copiosamente
Na minha casa de cartão
O frio entra e sente
No meu corpo já dormente
Tão roxo mas algo quente
Com fome e já sem pão
Sinto passos ai vem gente
Espera. Não, não é ilusão
Pode ser que seja um crente
E voluntariamente me dê a mão.
Passou, nem reparou
Que ali morava alguém
É mais um que passa ao lado
Que o problema não é dele
É da segurança social
Para quem ele paga afinal
E não quer ser incomodado.
O frio é o meu sócio
Nesta noite de solidão
Até o meu companheiro
Das noites que já passaram
Para não ter frio e fome
Pôs-se aos berros durante a missa
Foi preso por um polícia
E foi para á prisão.
Oh deusa maior dá-me a morte.
Que outra sorte quero então.
jluis