Sinto-me só
No meio deste mar de gente
Que passa assim de repente
Sem ter tempo para parar
Nesta correria da vida
Que dela se não saboreia o gosto
Me deixa agoniado
De todo desapaixonado
Fico mesmo mal disposto
Porque se não para um instante?
Olhar o menino descalço
Com um naco de pão na mão
Com sua mãe de roupagem esfarrapada
Que assim de mão estendida
Ela que tanto valoriza a vida
Com alguma esperança sofrida
Por em casa não ter nada
Simplesmente pede pão
Olhar o velho que passa
Com corcunda bem visível
Manquejando pelos anos
Ele que viveu os desenganos
Da sua história de vida
Simplesmente diz
Esta vida está uma desgraça.
Mas ninguém parou para o ouvir
Nele sequer nele alguém repara
Simplesmente da vida se diz
Que a cada dia está mais cara
São os lamentos constantes
Sabendo que não são ouvidos
Dizem-se só por dizer
Mas serão sempre repetidos
Parem, escutem e olhem
O mundo que vos rodeia
Nele está a solução
Da vida que tanto anseia
Ser vivida com razão.
Olhai o velho que passa
Olhai o menino descalço
E a mulher que pede pão.
Jluis